sábado, 15 de novembro de 2014

Academia de Drags — Episódio 5

Chegamos à reta final de Academia de Drags, e o sentimento que fica é que ainda há sabores que não sentimos. Estamos prestes a testemunhar a coroação de uma nova Drag Queen que a todos irá governar (tá, nem tanto), mas sinto que precisávamos de mais alguns episódios para ter certeza de que a vencedora merecerá tal título. Ainda há muitos pontos em que cada uma das candidatas precisa crescer.

O termo "academia" não foi escolhido sem razão. Desde a estréia morna perecebia-se um amadorismo desconcertante nas concorrentes. Maquiagem inacabada, figurinos de gosto duvidoso, falta de firmeza em suas opiniões, nervosismo visível no palco e diante das câmeras. Portanto, não daria para trazer nomes consolidados da noite gay brasileira, como Striperella, Talessa Top, Thalia Bombinha, Márcia Pantera, Robytt Moon, entre diversas outras, para competirem entre si. Era preciso apresentar o novo, talentos em ascensão para que o público pudesse julgar do lado de fora da tela junto com o júri oficial dentro dela. Em resumo, e considerando minha opinião pessoal, não será coroada a drag mais completa, como diz o anúncio, mas a que mais se deu bem nos desafios propostos para esta temporada.

Lavynia Storm arrasa na dança e tem uma presença de palco muito boa. Rita Von Hunty tem um estilo único, o mais diferenciado entre elas. Yasmin tem tudo para ser uma Top Drag ou um caricata. Xantara tem os figurinos mais caprichados e a capacidade para focar 100% na competição, Gysella é a Big Girl que sabe e se aceita como é, e consegue apresentar um resultado que foge do "gordinha". Cada uma tem sim suas qualidades, mas todas precisam comer muito feijão com arroz para chegar ao nível das já renomadas.

Mais uma vez digo: não desmereço nenhuma delas em meus textos. Uma vez que você entra em uma competição desse nível, críticas virão. Como escritor, sei filtrar as críticas destrutivas das construtivas. Criticar é apontar onde você pode melhorar, e é exatamente o que busco fazer aqui.


A discussão inicial do quinto episódio mais uma vez envolve a bonequinha de luxo Rita Von Hunty. Rita tem sua atenção chamada para o real propósito de suas escolhas no episódio anterior. Quando diz que só havia visto Musa fazer o estilo andrógino e, por isso, a escalou para ser a mãe conservadora, para ver se ela seria capaz de fugir de seu estilo e ainda assim manter-se acima da média, Gysella contra-ataca dizendo que a desculpa é uma conttradição, pois a própria Rita nunca fez nada fora de seu estilo. Concordo em partes.

Rita escolheu ser a mãe de miss e o papel caiu como uma luva. Estava dentro de seu estilo. Falando em atuação, Rita é uma das melhores, pois sua personagem envolve muito mais do que somente bater cabelo. Ela adotou um conceito sólido, e é fiel a ele. Dessa forma, ela sabe atuar para poder dar vida à personagem. Porém, não dá para apontar com certeza, mas acredito que ela teria tido dificuldade em ser a filha louca caricata.

Por outro lado, Gysella não apresenta argumentos fortes, pois em nenhum dos episódios saiu também de seu estilo. Ela rebate a defesa de Rita perguntando se no segundo episódio estava como drag ou como menina. Rita responde: "Você estava como drag." E Gysella: "Eu estava de menina, meu amor. Você é cega e não viu." Gysella, você estava de drag. Nenhuma de vocês, em momento algum, esteve de menina, pois o truque está aí embaixo, bem escondido. Drag todas são. Drag não é um estilo. Estilo é ser andrógina, ou pin-up, ou do guetto (aliás, Samantha Banks é a melhor no quesito), ou top/fishy/feminina, ou caricata, ou cover, ou etc. Se uma queen não consegue definir o próprio estilo, então ela não terá força para defendê-lo e marcar território, conquistar o respeito do público.

Por falar em discussão, sinto falta de Yasmin nas conversas. São sempre as mesmas discutindo suas opiniões, e Yasmin está sempre ali, quietinha, apenas ouvindo. Essa postura — ou falta dela — compromete a aproximação do público. Ela é simpática, talentosa, mas falta-lhe uma voz. Afinal, quem é Yasmin Carraroh? É o que eu quero saber. Ela venceu dois desafios, e foram merecidos, mas quando não se sabe o que está por trás da maquiagem, fica difícil torcer e vibrar plenamente por ela.


Eliseu Cabral entra no workroom para apresentar o mini-desafio da semana, onde as queens terão que preparar uma caracterização do pescoço pra cima com perucas e elementos dispostos sobre a mesa. Cada um dos cinco representa um elemanto da natureza — água, fogo, ar e água —, junto com o "elemento drag", o neon (?).

Um detalhe que não ficou claro: Eliseu diz que eles só poderão usar a pele para fazer a maquiagem. Como assim? Fiquei pensando e pensando, e imaginei que elas não poderiam, por exemplo, usar adereços no rosto, como cílios postiços, mas então vi que Gysella e Xantara estavam com cílios. Se alguém puder me explicar o que Eliseu quis dizer com isso, sinta-se à vontade para comentar.

A vencedora é Gysella, que conseguiu entregar uma produção babadeira. Minha favorita foi Xantara, mas, como Eliseu apontou, o resultado foi algo convencional. Gysella venceu por ter driblado as dificuldades da peruca em si e do uso limitado dos objetos a ele entregues. Mereceu. Lavynia foi de longe a pior, enquanto Yasmin e Rita ficaram no nível regular-baixo.

Há outra coisa que percebi. Na verdade já  havia notado isso desde o primeiro episódio, mas agora ficou claro. Há certos momentos em que o som ambiente some e a edição parece dar play em uma mensagem pré-gravada. Quando Eliseu fala sobre o desafio principal (e em nenhum momento a câmera o focaliza, enquadrando apenas as meninas) percebe-se que ele não está ali falando no mesmo instante em que elas estão sendo gravadas. São detalhes bobos, mas que acabam deixando rebarbas/lascas/linhas soltas no produto final.

O desafio principal envolve uma apresentação de dança em grupo, que terá como tema o elemento da vencedora do mini-desafio, fogo.


O primeiro professor da Aula de Dança é Jairo Azevedo, coreógrafo da Blue Space. O cara vem para colocar ordem no putei... quer dizer, na academia. Não está ali para ensiná-las a dançar, mas para ensiná-las a administrar os passos. Afinal, dançar não é ficar se jogando pra lá e pra cá, sem respeitar o espaço das companheiras. Se você trabalha em grupo, mesmo que seja com bailarinos que não fazem parte dos holofotes principais, saber traçar um limite para que você mesmo não se perca é primordial para uma apresentação de sucesso. Dança é um caos organizado.

A segunda professora é Alexia Twister, que dispensa apresentações. Considero Alexia como um dos maiores nomes nacionais do mercado de entretenimento gay. Seus shows fazem qualquer queixo cair. Para complementar a primeira metade da aula, Alexia dá dicas às meninas para que elas tenham noção do espaço, e principalmente de seu próprio corpo. Ajuda-as a entender suas particularidades para que usem de pontos que consideram negativos e os transformem em positivos. A edição focou nas dicas que deu a Yasmin, mas acredito que tenha dosado um pouco para todas, o que ficou fora da edição final.


Silvetty Montilla chega ao palco principal e... AAAAAAHHHHHHHHHHHHHH! Que susto, Silvetty! Brincadeiras à parte, o acabamento da maquiagem e do figurino é impecável, mas senti que os envolvidos na produção de Mama Sil tenham se perdido no conceito. Entendi a proposta, algo Disco. Infelizmente, tudo o que consegui ver era algum inimigo do Batman. Não funcionou como o esperado. Para ajudá-la a julgar, vem Elise, Alexia, e Vagner Cavalcanti, diretor artístico da Blue Space. Todos conseguem criticar de modo sólido. Tudo o que é dito por Vagner eu assino embaixo.

DICA PARA A PRODUÇÃO: Mandem alguém varrer esse palco, pelamordedeus!


Na performance final, com a música Rock'n'Roll, de Nicky Valentine, vemos algo que a própria Alexia aponta enquanto júri: as meninas pareciam mais soltas no ensaio.


Gysella Popovick: Maquiagem estava linda, cabelo maravilhoso (embora seja a terceira vez que o usa), e o figurino era divino — porém, fugiu totalmente do tema fogo. Aliás, como "líder", Gysella deveria ter ido para a Recuperação. Cadê a originalidade? Vermelho representa fogo? E o que mais? No workroom, quando disse a Jairo o que tinha em mente para a performance, nada ficou muito claro. Nota-se a dificuldade de Gysella em apresentar suas ideias, sempre dependendo de bordões, de xainirons. Antes de julgar a pin-up, é preciso olhar para o próprio edí. Na coreografia, Gysella foi razoável, porque se apoia bastante no bate cabelo e carão; nada incrível. A dublagem... Péssima. Aliás, todas estavam sofridas dublando. Ou tiveram só meia-hora para ensaiar, ou não se atentaram em decorar a música. Ah, outra coisinha: Alguém mais percebeu que Gysella não troca esse salto dela por nada?

Rita Von Hunty: A maquiagem estava estonteante e o figurino, maravilhoso (Não faltou nada ali, Cabral!), seu melhor look até hoje na Academia. Como dançarina, Rita pecou. Nem toda performer é dançarina. Tomemos como exemplo As Deendjers, de Curitiba. Dentro de seu estilo, a dupla é quem domina. Porém, nunca as vi batendo cabelo, e é algo que não faz falta, não há necessidade. Rita não é dançarina, está claro. Ela se esforça em alguns momentos, mas em outros parece prestes a desmaiar de Lexotan. Sua languidez não anda lado a lado com o tema fogo. Quando não está no centro da roda, Rita parece perdida, esperando sua vez para dar mais alguns passos, rodopios, e voltar a ficar parada no fundo do palco. Sei que o desafio da semana não é a praia de Rita, mas, embora alguns apontem como falta de comprometimento, eu defendo como o ponto final da mensagem que Rita quis transmitir durante todo o programa.

Lavynia Storm: Finalmente acertou na maquiagem, gata. E que acerto! Linda de viver. O macacão vermelho foi on point, a peruca (também usada mais de uma vez) caiu bem, mas a maquiagem foi um dos pontos altos da senhorita Tempestade. Como dançarina, merecia a vitória. Só dava ela naquele palco. A dublagem não foi das piores (todas estavam péssimas), mas a postura compensou tudo. Foi para a final, e ficou feliz por isso, mas, no seu lugar, eu teria reivindicado meu direito a vencedora da semana.

Yasmin Carraroh: Sua altura não ajudou a dar-lhe destaque. Poucas vezes olhei para Yasmin durante a performance. O cabelo estava errado, o figurino estava errado, os passos estavam errados. Depois de duas semanas como vencedora invicta, Yasmin levou um tropeço grande. No workroom Alexia havia atentado-as sobre a postura ereta, sobre como portar-se como meninas, e Yasmin ainda não conseguiu entender. Na última análise eu havia falado sobre isso, e agora enxerguei onde está o problema. Talvez nem esteja somente com Yasmin, mas aproveito a deixa para dar outra dica à produção. Olhem isso:


O que acabou resultando nisso:


A bancada do júri fica em um nível muito abaixo do palco. As câmeras não estão posicionadas da melhor forma. As meninas, enquanto escutam, precisam olhar para os jurados, e a papada aumenta, até para quem não tem. Os jurados deveriam ficar em um nível elevado para que elas olhassem em linha reta, o que não comprometeria sua beleza. Esse é apenas um dos problemas do cenário. A câmera principal está posicionada do lado direito, o que acabou dando um enfoque maior em Gysella, Rita e Lavynia, enquanto Yasmin e (principalmente) Xantara ficaram do outro lado, mais afastadas da câmera, quase esquecidas. A iluminação também não coopera.

Xantara Thompson: O figurino vestiu bem não apenas Xantara, mas a proposta. De todas, era a única realmente Rock 'n Roll. Tive que assistir mais de uma vez para ver quão bem ela se saiu. A maquiagem, como sempre, estava linda. Xantara se mantém no personagem o tempo todo, o que eu já havia percebido desde o stand up. Na coreografia ela arrasou; na dublagem nem tanto. Enquanto as outras dublavam de modo sofrível, Xantara nem se dava ao trabalho de abrir a boca. Houveram momentos em que ela cometeu o mesmo erro da maioria, de ficar parada no fundo do palco esperando sua vez. Não mereceu a vitória, mas foi a segunda melhor.

O resultado final leva Rita Von Hunty e Yasmin Carraroh para a Recuperação. Pela primeira vez temos cada uma das duas indicadas à eliminação dublando músicas diferentes. É um diferencial, mas que, à primeira vista, não funciona. Para começar, nenhuma deveria ter o direito de escolher qual canção dublar. É uma competição, então é preciso estar preparado para tudo. Enquanto Rita dubla Can't Stop Loving You, de Lorena Simpson, Yasmin dubla Kiss Kiss Good Bye, de Nicky Valentine (Nicky domina).

Rita muda o figurino para algo viúva realness. Linda! A performance começa e, quando o guarda-chuva é aberto e a purpurina amarela cai, eu me arrepiei. Rita não é queen de dança, o que percebe-se quando ela arrisca alguns passos desengonçados. Parece eu dançando. Apesar da desenvoltura, Rita entrega um show único. Se ela ensaiar a parada melhor e lapidar todas as arestas, pode ter um show foda na manga e parar as pistas de dança por onde passar.

Yasmin também muda o figurino, e entra destruidora. Também gatíssima. Toda trabalhada no neon verde-e-amarelo, desenvolve uma apresentação que remete às drags que eu assistia em minhas primeiras idas a baladas gays e que despertaram meu interesse por essa arte. A dublagem é babado, os movimentos afiados, MAS, em comparação com Rita, não foi algo exclusivo. Vi diversas queens fazendo a mesma coisa. Não me arrepiou.

Como não sou eu lá, mas Silvetty "Coringa", Rita se despede da Academia, dando passe para Yasmin chegar à final. Rita se tornou, ali, a incompreendida da temporada. Mas como eu já havia mencionado anteriormente, Rita não precisa de uma coroa. Sua postura durante toda a temporada manteve-se firme ao que ela acredita. Na mensagem de despedida, Rita aproveita seus últimos momentos na tela não para mendigar atenção ou lamentar-se do que poderia ter sido ou feito, mas para passar uma mensagem importante:

"Eu aprendi muito cedo que existem dois tipos de pessoas no mundo: as conformadas e as incorfomadas. Toda mudança no mundo depende das incorfomadas. Então se inconforme e faça tudo da maneira que você acredita que deve ser feito."

E não estou julgando as outras, mas ressaltando a postura da Rita. Eu mesmo, se estivesse participando e saísse, minha mensagem final seria "Espero que todas vocês morram." Mentira.

Estou inconformado que Rita tenha saído, mas sei que é só o começo de algo brilhante e repleto de sucesso para a artista que mais marcou a primeira temporada de Academia de Drags.

O próximo episódio é o último, e teremos quatro queens batalhando pela coroa... na verdade pela peruca da Lully Hair. Podíamos ter outro desafio antes, e levar apenas três à final. Mas não vou desperdiçar estas últimas linhas para lamentar o que poderia ser. Resta aproveitar o que Academia ainda tem a oferecer. Qualquer que seja o resultado final, já estou ansioso pela próxima temporada.

Aliás, para quem você está torcendo? Com a saída de Rita, minha favorita, Xantara é a candidata mais forte, a única a não ter ido para a Recuperação. Venceu dois desafios, assim como Yasmin. Yasmin, no entanto, foi uma vez para a Recuperação. Lavynia foi para uma Recuperação e não venceu nada, mas chegou bem perto. Gysella nunca foi para a Recuperação, e sua única vitória não achei justa.

Dessa forma, Xantara tem grandes chances de ganhar aquela peruca de cabelo natural, a viagem internacional, e um show produzido na boate Blue Space. Será ela a atração principal do dia 5 de dezembro?

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Academia de Drags — Episódio 4

OBS: Logo reposto as ilustrações finalizadas. Por enquanto, vai à lápis mesmo.



Quarta semana chega e com ela vem uma qualidade maior em Academia de Drags. Qualidade essa que pode ser vista nas discussões do grupo, na desenvoltura de nossa hostess belí... nossa hostess Silvetty Montilla, no desenvolvimento das performances, entre outras coisinhas.

O episódio começa com um debate sobre o que é ser drag, sobre o papel desse artista na sociedade, sobre os dilemas enfrentados pelos gays, e claro que a polêmica Rita Von Hunty não poderia estar de fora. Sempre com argumentos estoicos, fiel aos seus princípios, Rita define em poucas palavras o que é ser uma drag queen:

"Desde os anos 60, 50 pra cá, para o gay ser aceito na comunidade ele se masculinizou. Uma drag queen rompe todo o conceito vigente misógino da nossa sociedade. A nossa sociedade favorece o macho alfa e oprime a fêmea. Nós somos artistas que vangloriamos a fêmea."

Tá, não foram tão poucas palavras assim, mas o conceito é o que vale. Rita cita também a definição que eu havia mencionado no texto anterior. Drag significa DRessed As a Girl (Vestido como uma garota). Garotas têm seus mais variados estilos. Por que, então, drag queens precisam seguir o mesmo? Qual seria a graça? Se arte fosse algo padronizado, não mereceria o título Arte. Entendo que discussões existem e sempre existirão, caso contrário seríamos todos um bando de conformados sem opinião, mas particularmente acho ridículo considerar a pauta "Arte realmente pode tudo?" como uma dicussão válida. Caramba, arte é cor, cor é mutável, mutação é evolução, evoluir é viajar, viagens têm inúmeros sabores, um sabor te proporciona uma miríade de sensações. A arte, então, precisa ser sentida. Quando ela toca seu coração, sua alma, é quando você entender qual é a arte que te move. Seu estilo, seu conceito é você quem define.

Academia de Drags alcançou um ponto além do entretenimento. Os debates gerados a partir do que vemos nos episódios são importantes para podermos esclarecer de uma vez o que é uma Drag Queen — inclusive entre as próprias Drag Queens. Ainda há preconceito dentro do meio, imagine fora. Quando Musa entrou no programa, imaginei "Bicha, a senhora é destruidora mesmo, viu, viado?". Como artista o é. Mas quando pretendeu rotular a arte drag, quando quis enfiar Rita em uma caixa e, de forma velada, ditar o que precisa ser feito para agradar os juízes, senti algo quebrar aqui dentro. Os juízes precisam aprender a criticar as queens dentro de seus próprios estilos. Bianca Del Rio provou na sexta temporada de RuPaul's Drag Race que é possível sim manter-se fiel ao seu personagem e conquistar uma coroa. Não que uma coroa vá enfatizar que você é melhor do que suas concorrentes.


Voltando ao teor leve da Academia, Rick Callado vem fazendo jus ao seu sobrenome e, seguindo a proposta do mini-desafio, faz mímicas para que as meninas descubram o nome do filme. Rick é muito fofo. Acompanho seu Facebook, Instagram, Twitter (e pelo binóculo escondido atrás do muro de sua casa) e percebo que o cara está malhando duro para estar trincado na próxima temporada. Poderemos então, finalmente, ver um Rick sem camisa, só de cuequinha, como um Pit Crew de um só deve ser. Mal posso ver para esperar 

Rita é a vencedora do desafio, e tem como "prêmio" definir os grupos e personagens de uma cena que será refeita no palco como desafio principal. Os grupos são Rita, Xantara e Yasmin em um, e Gysella, Musa e Lavynia no outro. A cena precisa conter o menino drag, a mãe conservadora, e a madre drag superiora.

Rita define os papéis de seu grupo, e também os do outro. Senti em Lavynia um derrotismo precoce, um mal sinal em competições do tipo. Se você já desiste antes mesmo de começar, multiplica suas chances de falha. Que tenha sido ou não estratégia de Rita, mas se você é bom, é bom e pronto. Reclamar não adianta. Sua mãe não está ali para que você possa esconder-se sob sua saia ou pedir socorro. Encare os desafios de peito estufado. Nem sempre conseguimos o papel que queremos — e falo também dos papéis reais do dia-a-dia —, mas cabe somente a nós tomar a frente do palco e fazer nosso brilho encantar a platéia. Mesmo que você seja a árvore no canto do cenário: seja a porra de uma árvore linda pra cacete, a melhor e mais alta de todas. Portanto, o discurso de Lavynia sobre o rumo que a competição tomou para ela naquele instante, para mim, é blá blá blá sem fundamento. Desculpa, gata.


Os professores da semana são Titi Muller e Luís Vaz, atores que fizeram parte do elenco do filme Do Lado de Fora (2014), junto com Silvetty Montilla, para lecionar Interpretação. Como os próprios assumem assim que entram que não são atores profissionais, as dicas que dão de primeira não parecem fazer sentido; parecem algo que vemos em qualquer grupinho de teatro de bairro. MAS então consegui enxergar sua estratégia, e a língua que escolhem falar para ajudar as queens é adequada a quem não é ator profissional. Poderiam muito bem chegar com técnicas decoradas e dicas ensaiadas e nos passar a imagem de os novos Lima Duarte e Fernanda Montenegro, mas não. A postura que adotam é atual, de um frescor que cativa os novos artistas. Ótima escolha, produção da Academia.


Silvetíssima vem ao palco num look estonteante. Ela está belí... ela está lá no palco. Algo que notei na Silvetty, no decorrer dos episódios, é que a roteirização que parecia matar sua persona acabou morrendo sob a própria persona. Em todo o episódio, desde o tablet sobre a mala do Rick, a abertura do desafio principal, a discussão no painel de jurados até o fechamento, pode-se ver algo mais próximo da Silvetty que tanto amamos. Está longe ainda daquela megera que fica gongando metade da boate, ou mandando as criaturas tomarem no edí, mas está bem melhor do que no primeiro episódio. Ainda sinto certo despreparo para julgar. Não que não saiba do que está falando, pois Silvetty é macaca velha e entende o que funciona ou não na noite, mas faltam os termos certos, as palavras certas para transmitir as críticas que ela pretende passar às competidoras. Estamos na primeira temporada, e tenho certeza que mama Sil vai chegar lá, da mesma forma que conseguiu chegar entre as 10 mais.

O primeiro grupo traz uma performance voltada ao humor. Espertas. Faça o público rir, e você está no rumo certo. O segundo puxa para um lado mais sério, mais próximo à cena do filme, ainda que contenha algum tom cômico (bem de leve). Decidi analisar cada uma delas, não somente em relação à desenvoltura no palco, mas no episódio em si e no desenvolvimento durante a competição.


Gysella Popovick nos dá aperitivos do quão bagaceira é (no bom sentido, claro, como a própria frizou no confessionário). Não sei se bagaceira seria o termo correto, mas "povão" se aproximaria mais. Gysella tem a pegada de uma Top Drag, mas com necessidade de um polimento. Coisinhas como "Deixa uma pra mim, filadaputa", "Bicha, a senhora é destruidora mesmo", e não conhecer mais da metade dos filmes citados me fez rir aos montes. É um humor puro, autêntico, algo que faz parte da pessoa, e a naturalidade o torna engraçado. Até o momento Gysella não me impressionou, não saiu da zona de conforto. Pelo que notei, está progredindo pelas beiradas, ou seja, avançando na competição sem apresentar nada memorável. Essa estratégia não a desmerece. Acho até esperto de sua parte. Mas qual a graça, para o próprio artista, em chegar à final sem criar um vínculo com o público? No desafio principal, não achei que sua performance foi tão boa quanto Yasmin, como os jurados apontaram. Ela foi inteligente ao explorar seu ponto forte (look, dublagem e bate cabelo).


Xantara Thompson vem crescendo bastante. De todas é a que tem os looks mais bem acabados, tanto que venceu o desafio da primeira semana. Demorou pra pegar no tranco, mas quando pegou não parou mais. Até o momento não consigo apontar pontos baixos em Xantara. A discussão sobre o suposto copy&paste do primeiro episódio, onde ela teria copiado Raja, da terceira temporada de RPDR (por favor!), foi esquecido após tantas provas de seu preparo. Para uma drag de Brasília, onde ela mesma disse que não há um enfoque tão grande no artista drag como há em São Paulo, a bicha arrasa e merece públicos e palcos bem maiores. No desafio principal merecia ter vencido junto com Yasmin, pois manteve-se na personagem o tempo todo e me fez rir desde que entrou até quando saiu.

Rita Von Hunty é a polêmica da temporada. Você olha para Rita e consegue imaginar dez formas de iniciar um debate. Adoro falar sobre ela, o que não deve ser segredo para ninguém que acompanha minhas análises. Conheço Rita desde antes da Academia, e fiquei animado em vê-la como parte do elenco. Como personagem Rita é estável, sabe qual é sua proposta pessoal e a defende. Não está ali para atacar ninguém; pelo contrário, somos nós que vamos até ela. O problema em Rita ser Rita é, talvez, a falta de conexão que grande parte do público sinta para com ela. Rita Von Hunty faz parte de uma fina casta da comunidade gay (trecho roubado da opinião de Diego Olivier): é a bicha com conteúdo. Como parte de um grupo limitado, corre o risco de ser mal interpretada. Percebo que Rita não está na competição para vencer, mas para levar uma mensagem ao público. Torço para a vadia com todas as minhas forças, mas sinto que ela não será a vencedora. O preconceito que ainda permeia nossa comunidade nos torna despreparados para adorar uma rainha como Rita. No desafio principal foi impecável. Como atuação: a melhor.

Yasmin Carraroh é carismática e engraçada, e tem potencial para ser uma estrela, mas ainda há que se trabalhar a presença de palco. A bicha é alta, negra e tem tudo para dominar um palco. Então por que não o faz? O que me incomoda na Yasmin é apenas uma coisa, um detalhe fácil de ser corrigido: ela não se mantem no personagem Yasmin 100% do tempo. Quando está ouvindo suas críticas, sua postura é a de um menino, e eu não quero ver o out of drag delas do momento em que Silvetty apresenta o início do desafio principal até o final do episódio. O workroom está lá para isso, para nos aproximar do lado humano da drag. No desafio Yasmin arrasa mais uma vez com sua veia cômica e artística. Rouba a cena. "Eu sou caricata" me matou. As referências "Partido das Travestiiiixxx", "McDonalds" e "Meu precioso" são toques de alguém que sabe o que está fazendo, mas o "E é isso, gente" no final acaba com a ilusão. Gostei da Yasmin desde seu vídeo de apresentação (Olha que que eu vou levar, ó **batendo a faca na mão**), e o carisma e talento mencionados fazem dela uma forte concorrente à final.

Musa caiu bastante desde o início. Me incomodou quando entrou, me animou nos looks iniciais, me conquistou na dublagem do segundo episódio, mas desde então vem deixando a desejar. A postura firme que Musa trazia no começo perdeu a estrutura diante dos desafios seguintes. Atuação exige timing, autocontrole. Musa parece ter deixado o nervosismo falar mais alto nos momentos mais importantes, o que acabou deixando-a em desvantagem em relação às concorrentes. No desafio principal, ela até tenta, mas não é suficiente. Não há disciplina para respeitar os limites do palco, esbarrando na frente das companheiras, esbarrando nas próprias palavras, sem seguir um rumo definido, com nexo. Mereceu estar na Recuperação.


Lavynia Storm me ganhou quando entrou naquele workroom no primeiro episódio distribuindo raio pra tudo quanto é lado. O look Angel do primeiro desafio fez meu amor crescer. Depois pareceu dar uma caída, uma apagada. Parecia estar sendo comida viva em meio à fúria das concorrentes. Seu brilho ressurgiu no stand up, na encenação de A Morte do Cisne, mas neste quarto episódio me deixou embucetado quando adotou a pose derrotista, mostrando-se fraca. Pensei "Já perdeu". Mas sua performance do desafio principal me fez rir. Me fez rir muito. "Hoje eu tô fervorosa!" "Cadê o demonho?" Morri. O look estava on point. Vi que, na hora H, Lavynia deixou o conformismo de lado e lutou com as armas que tinha. Mostrou-se forte. Não possui a firmeza de uma atriz, e talvez seja isso que a desfavoreceu. Contudo, não mereceu o título de uma das piores da semana.


Recuperação: Musa Vs Lavynia

Dublando Cha Cha Boom (na qual estou viciado), de Nicky Valentine e Breno Barreto, Musa e Lavynia batalham, e há uma injustiça aí. Musa é boa, mas Lavynia é destruidora. Musa ainda consegue ir para o camarim trocar de roupa (ainda bem — fiquei imaginando a vinhada dublando com aquela roupa de tia), mas mesmo assim se atrapalha com a peruca e entrega uma performance fraca. Lavynia, por outro lado, mostra a que veio. É a melhor dublagem da Academia até o momento. Eu babei — literalmente. Mais uma vez chorando (Ô bicha chorona!), Lavynia continua, enquanto Musa faz as malas. No discurso final, durante os créditos, Musa fala uma das piores coisas que alguém pode falar quando é eliminado de um reality: "Eu não consegui mostrar tudo o que eu queria. Acho que se eu ficasse, nas outras provas eu ia conseguir mostrar tudo o que eu queria." ¬¬ Por favor. Se depois de quatro episódios (tendo ficado em Recuperação em dois seguidos) você não conseguiu mostrar tudo o que queria... Respeito Musa como artista, mas neste episódio ela cagou pela boca — e não foram poucas vezes. Ainda assim quero vê-la performando ao vivo.

Estamos chegando na reta final. Dois episódios restam. A corda está apertando em alguns pescoços. Estou temendo pelas minhas favoritas. Espero que a conclusão de Academia de Drags não seja como os finais dos livros de Stephen King. Se for, dia 5 estarei na Blue Space pra quebrar tudo.

Mentira.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Academia de Drags — Episódio 3

OBS: Eu queria poder desenhar cada uma das queens em todos os episódios de Academia de Drags, mas como não rola (por causa de tempo e de outras responsas), acabo tendo que escolher apenas algumas. Quando o programa acabar, planejo desenhar todas as que faltaram, inclusive Silvetty Montilla e Rick Callado (e, quem sabe, alguns dos jurados). Enquanto não chegamos lá, vou adiantando os desenhos, e depois pego firme nas colorizações. Portanto, publicarei os desenhos não finalizados nas análises, e conforme for colorizando, atualizo. E é isso.



Mais uma semana segue firme, forte e cheia de glitter na Academia de Drags. No sneak peek do terceiro episódio sabíamos que a desafio seguinte envolveria comédia, e eu sublinhei que poderíamos, então, separar as talentosas do resto. Ninguém me criticou ou elogiou, mas, sozinho com meus botões, refleti e concluí que tal afirmação não tinha fundamento. Primeiro porque eu estaria vestindo um tapa-olho equino que me manteria olhando para uma direção apenas: comédia — no caso, stand up. Quando se fala sobre talento o leque é algo infinito. Estamos sim assistindo a uma competição entre drag queens, mas se o roteiro seguisse o que as próprias queens apontam como "funções de uma drag queen", acabaríamos assistindo a uma competição de maquiagem ou bate cabelo. Realities assim exploram os participantes, suas emoções, personalidades. É puro entretenimento, e não define, de fato, que as eliminadas eram piores do que as que ficaram. Há talento envolvido, claro, mas há também muita sorte e, acima de tudo, um controle emocional monstruoso. Há as que arrasam na maquiagem, mas pecam na personalidade; há as que dominam o palco sem precisar de uma palavra, há as que fazem o público rir com facilidade, há as rainhas da dublagem, as que possuem os figurinos mais incríveis... Enfim. Não se pode julgar o talento de uma pessoa, seja ela drag queen ou não, somente porque ela não foi bem fazendo um stand up. Fazer rir é para poucos.

Cada queen da Academia tem seu estilo, e, mais uma vez, é o cúmulo quando um artista precisa explicar o seu. Arte é arte. Embora Rita esteja sendo atacada desde o primeiro episódio pelo seu estilo, digamos, incomum, o lado bom é o destaque que ela vem recebendo, não somente dentro do programa, mas fora.

Retirando o que eu havia dito, não pudemos separar as boas do resto neste terceiro episódio, mas pudemos ver quais são as mais aptas a chegar ao Top 3. Ainda é algo vago, não dá para ter certeza de nada; no entanto, pode-se ver duas ou três com mais chances de alcançar a reta final.

Para o mini-desafio da semana a socialite  da zona sul que mais tem jóias, Silvetty Montilla, aparece no workroom para fazer uma visitinha rápida às meninas e apresentar o challenge. Rick Callado vem em seguida (ai, meu coração) todo fofo e com vários babadores (É isso mesmo?) cor de rosa. Cada queem deve se maquiar de palhaço e, ao melhor estilo Paris is Burning, ler as colegas. É isso mesmo! The library is open. Por que gongar é o quê? FUNdamental. A piada só faz sentido em Inglês. Não sabe? Vai fazer um CCArá.

Na minha vida pessoal, no dia-a-dia, costumo treinar a leitura. Colegas de trabalho são minhas vítimas favoritas. Gosto de apontar defeitos das pessoas de uma maneira engraçada. No final, xingo a pessoa e ela ainda dá risada. Não é fácil. É preciso sentir o clima de quem você vai gongar para não ir para um lado pessoal. Se ela não ri, o clima pesa, mesmo que você faça outras pessoas rirem. Acredito que o segredo de um bom reading é fazer a própria vítima rir. Se isso não acontecer, é ofensa e nada mais. No mini-challenge, as queens sofrem para isso. As poucas que riem parece ser de dó. Ou por não serem muito exigentes com comédia, do tipo que ri até com Zorra Total. A vencedora é Rita Von Hunty, e não por ser engraçada, mas por, como Silvetty diz, mamar cada uma delas bem mamado. O clima pesou, e foi possível notar que nenhuma ficou feliz com o que ouviu. Será Ritinha colocando as garras de fora? Pode ser. Não reclamaram que ela estava muito morta? Isso que dá chutar cachorro morto. Ele não estava tão morto assim.

A melhor:

Musa diz: "Laurie, acho que se precisar sair duas, sai só você." Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk #vencedoradomundo

A melhor²:

Rita ganha o mini-challenge e Musa diz: "Pelo menos venceu essa, né?" #fatality


Como ganhadora, Rita tem o direito de escolher a ordem das apresentações no palco principal. Talvez ela tenha pensado estrategicamente, mas ainda não parece que o júri pensa dessa forma. Há o formato já estabelecido por RPDR, e sabemos que as queens de RuPaul precisam tomar cuidado com a ordem, para não se prejudicarem e nem parecerem fracas. Há muitos detalhes nas entrelinhas, mas em Academia acredito que, como ainda estamos saindo do forninho, não há esta "malícia". O requisito principal é fazer rir. Ponto. E eu concordo. Não importa em que ordem você esteja, se antes ou depois das melhores. Se você é bom, mas bom mesmo, vai arrasar estando na abertura ou no fechamento.


A aula da semana é de Humor, com a mestra do humor nacional, Grace Gianoukas, diretora do Terça Insana, a eterna Cinderela/Aline Dorel/Santa Paciência, entre outras. Ninguém melhor do que Grace para dar dicas de ouro a nossas queens. Ela chega parecendo um cachorro com sede, e eu morro de rir com esse seu personagem real. Parece uma caricatura funcionando 24hrs. Brincando ou falando sério, tudo o que sai da boca de Grace é algo valioso, que precisa entrar por um ouvido e ficar lá dentro. É uma oportunidade única na vida, e ainda assim há queens que parecem ter entendido exatamente o contrário de tudo o que ela disse. "Coisa que já existe a gente não faz." Todas ouviram isso?

Bem, os 45 minutos de episódio não estão lá para dar espaço às propagandas. Portanto, vamos aproveitar o tempo e... Nossa, Silvetty! Já no palco principal? Tá bom então, né?

Silvetão Sorvetão vem num dos estilos mais inusitados que já a vi. Há algo gueto-chique debaixo daquele afro modeladíssimo. Arrasou, mama Sil. Ao lado dela, o júri da semana se consiste em Nelson Sheep, criador do site SuperPride e do canal Põe na Roda (e um lindo), Grace Gianoukas, e dos fixos Alexandre "Héscovitty" e o maquiador Cabral, do episódio anterior. É o que tem pra hoje.


Nota: Pela forma como percebo alguns detalhes nos episódios, dá para perceber que todo o terceiro episódio foi gravado em um dia. Prestem atenção enquanto estiverem assistindo: roupas, maquiagens, acessórios. Você percebe que é algo corrido. Se todos os episódios foram gravados desta forma, então podemos entender o quão despreparadas algumas queens parecem ser, o que acaba não condizendo com seus verdadeiros talentos. Eu, por exemplo, até sou bom em improviso, mas prefiro mil vezes ter um tempo para me preparar. Uma boa dica para a produção seria dar mais tempo às queens das próximas temporadas para trazerem algo digno ao espectador. Não só daria vantagem às participantes, mas não permitiria que o espectador sentisse o sabor de amadorismo que ainda existe em alguns pontos.



Gysella Popovick (Christina Aguilera)
Morri de espacate. O look estava perfeito, trazendo uma Xtina Aguilética em sua fase cheinha. O estouro da menstruação provocada pelo grito de Xtina foi toquue de gênio... Uma pena que Gysella não soube aproveitar. O fato de abrir o show e ter tão pouco tempo para preparar algo podem ser uma boa desculpa para explicar o mau desempenho de Popo. Digo mal e não péssimo porque caracterização e ideias foram boas. Aquela imunidade veio bem  acalhar, hein, Gysellinha?


Xantara Thompson (Elvira, a Rainha das Trevas)
Arrasou! Caracterização muito boa, maquiagem on point, piadas ótimas. É a primeira vez que consigo enxergar o brilho de Xantara. Não sei explicar o motivo, mas ainda sentia que algo não estava encaixando. Nem mesmo sendo a vencedora do primeiro episódio. Costumo pensar que Xantara out of drag é a puta da edição: já disse que ía mamar o Rick no primeiro episódio, disse que não tinha se depilado para fazer os boys no segundo. Sempre ria com essas brincadeiras, mas agora consegui ver potencial na baixinha para vê-la, quem sabe, chegar à final.


Rita Von Hunty (Lana Del Rey)
Poderia ser outra? Não ou nunca? Rita e Lana vestem-se com perfeição. O estilo monótono de Rita (no bom sentido) pega o melhor de Lana e o traz ao palco sem esforço. Apoio a senhorita Von Hunty quando ela diz que esse é seu personagem e pronto, mas teria sido mais inteligente considerar o público ao qual o programa é direcionado e adaptar as piadas. O humor de Rita é inteligente, mas ainda falta aquele tempero insólito nesse prato que já é uma delícia. Não é preciso modificar seu personagem, mas incrementá-lo. Consegui rir, mas não foi riso de tirar o fôlego. Foi mais algo como "Verdade, gata. Concordo com ti." Por outro lado, aposto que foi cortada muita coisa boa da apresentação de Rita, mas...

Musa (Hera Venenosa)
Meu deus! Que decepção. Não consegui rir com Musa. A gata já começou errado com o fato de trazer Hera Venenosa, minha vilã favorita para o palco, e então me dar um tapa na cara ao dizer que na verdade aquilo era só uma fantasia, que seu nome era Maria Clara de Liz (?), e então emendar uma sucessão de piadas de sapatona sem começo ou fim. Não seria mais engraçado trazer uma Hera Venenosa chapada de marijuana? Look dez. Performance... Prefiro não comentar.

Lavynia Storm (Ana Botafogo)
Que apresentação! Ri, me emocionei, fiquei passado. Foi uma montanha-russa de sensações. Cada movimento de Lavynia teve seu propósito, e alcançou seu objetivo: primeiro, chocar; depois, fazer rir. Como os jurados apontaram, ter usado a voz nos últimos instantes enfraqueceu MUITO a apresentação. Podia ter ficado caladinha, querida. Percebe-se que não é a primeira vez de Lavynia encenando A Morte do Cisne, mas não tira seu mérito. Artistas não podem ser julgados por terem uma ou duas cartas na manga. Ponto para a maquiagem e figurino, impecáveis.


Yasmin Carraroh (Grace Jones)
Yasmin é engraçada por natureza, e não precisa suar muito para roubar uma risada minha. Já havia morrido de rir com seu vídeo de inscrição, sua entrada cheia de Nhaiiin e Nhóiin, e então ela traz ao palco uma Grace Jones moradora de Cohab. É muito! A piada em si não foi engraçada, vamos combinar, mas a forma como Yasmin entrega é a cereja do bolo. Na verdade, o recheio e cobertura também. Seu gingado, seus trejeitos, sua voz de gato bravo miando, tudo ajuda. Ela poderia ter apresentado a performance vestida de qualquer personagem. Grace Jones não era ninguém ali.

Laurie Blue (Beth Ditto)
Piada de gordo contada por gordo é acerto na certa (!). Laurie até tentou, mas tadinha, acabou se atropelando nas próprias (tentativas de) piadas (fail), talvez por nervosismo. A maquiagem e figurino estavam incríveis. Laurie podia incrementar esse estilo à sua drag. Mas como humorista? Nã nã. Nã não. Até que eu ri depois da musiquinha (na música não) quando elas foram para o McDonalds, mas ela podia ter pegado bem mais pesado. É o mesmo que negro falando de negro, de gay falando de gay, de aleijado falando de aleijado. Você tem passe livre para avacalhar. Então por que não avacalhou, Laurie? Por quê, demonha?

Nada a debater a respeito das opiniões dos jurados. Concordei com todos. Pela primeira vez não senti vontade de atravessar a tela do notebook e enfiar a mão na cara de algum deles. É prazeroso quando se vê alguém que entende falando coisas certas, criticando o que deve ser criticado, elogiando o que deve ser elogiado. Grace e Nelson mandaram muito bem. Um beijo para os dois — na bochecha pra você, Grace.


PS: Alexandre cada dia mais fofo *_*

Meu Top 3 da semana: Rita, Xantara e Lavynia


Quem vai para a Recuperação são Musa e Laurie. Acredito que o fato de ter imunidade tenha ajudado Gysella, mas talvez o look tivesse sido levado em consideração e livrado a Popo da Recuperação. Popovick foi ruim na apresentação da piada, e não da piada em si, e arrasou no look. Musa foi bem no look, mas péssima no humor. Laurie foi bem ruim nas piadas, e o look não gritava Beth Ditto. Com imunidade ou não, o resultado final teria sido o mesmo.

A música da semana é Acabou, de Wanessa. Diferente do último lipsync, Musa não me impressiona. Ela até dubla bem, faz uns movimentos sensuais, e o look ajuda bastante, mas senti certa insegurança. Laurie então... Pff. Foi melhor do que o lipsync do primeiro episódio, mas não o suficiente para salvá-la da eliminação. Quando Silvetty começou a falar sobre evolução, sobre o júri dizer que uma das duas vem crescendo desde a primeira semana, meu coração quase parou. Notei que Laurie cresceu desde o início; não foi algo gritante, mas foi notável. E não estou desmerecendo Musa, pois a tenho como uma das minhas favoritas. Silvetty então anuncia que Musa Von Carter continua na Academia, e eu consigo voltar a respirar.

Ainda está difícil dizer quem vai chegar ao Top 3. O jogo está aí, para qualquer uma. Basta agarrá-lo com unhas postiças e dentes borrados de batom e dar o melhor de si, sem medo do ridículo.

Abençoados os inadequados, porque deles é o reino da originalidade.

sábado, 25 de outubro de 2014

Academia de Drags — Episódio 2

OBS: Ao longo da semana atualizarei este artigo com os desenhos das queens.

OBS²: Dou minhas opiniões aqui, mas em nenhum momento tenho a intenção de atacar qualquer uma das queens ou seu talento. Se estão no programa é porque fizeram por merecer.



Após o "Double Shantay" do primeiro episódio, continuamos com oito queens para nos fazer rir, nos irritar ou nos deixar com cara de "Hã?", igual a da Gysella na prévia do segundo epí quando Silvetty anunciou a eliminação de uma tal Mércia Shantele. Essas edições safadas, viu...

O primeiro ponto a elucidar é o salto dado pela qualidade do programa. A transição entre um episódio e outro é gritante. O som está mil vezes melhor, embora ainda possamos perceber um silêncio desconfortável na edição aqui ou ali. Nada que prejudique a experiência como um todo. Sem necessidade de termos dez minutos apenas para apresentar as queens, ganhamos tempo para conhecê-las no workroom e para um mini-desafio mais elaborado.

O mini-challenge da semana é maquiar a região dos olhos. Hoje tenho todas as queens no Facebook, e percebo em suas fotos recentes um cuidado excepcional na produção, maquiagem, mas parece que, durante o programa, algumas ainda eram amadoras. Cheguei à conclusão de que até poderiam não ter anos de experiência, mas talvez o tempo entre um desafio e outro, entre as montagens de looks e gravações dos confessionários tenha feito com que as coitadas fossem obrigadas a se maquiar em tempo-relâmpago, o que acaba prejudicando e passando uma imagem que provavelmente não condiza com seus trabalhos na vida real.

As vencedoras são Gysella (glitter, pedra, strass, chanton) e Musa (De novo?). Durante a exibição das makes, realçadas por balaclavas de motociclista que permitiam ver apenas a região dos olhos, tive minhas próprias opiniões:

Xantara: esfumado, simples. Podia ter marcado um pouco mais. É bonita, mas nada incrível como as produções que ela mostra aqui fora.

Gysella: apesar da sobrancelha que parecia barro seco e do acabamento às pressas, ficou bacana. 15kg de glitter.

Yasmin: adoro cílios grandes e a cor amarela, mas ela poderia ter dado uma realçada com branco para definir o limite entre a make e sua pele morena cor do pecado.

Laurie: finalmente desapegando-se do Blue de seu nome (roupa azul na entrada, roupa azul no desafio principal do 1º episódio), apostou em um tom carmin. A sobrancelha (real) craquelada não passou despercebida, mas a make em si teve um capricho significativo. Muito boa.

Lavynia: meu único problema com Lavynia é sua maquiagem (algo que ficou definido, para mim, neste episódio). Ela não permitiu-se tanta liberdade na elaboração da make, e acabou ficando com uma expressão um tanto apagada. EXTRA: Lavynia rodada na Sibutramina saiu derrubando o estojo de maquiagem da Yasmin e quebrando tudo. Ah, se fosse comigo, você voltava pro Rio de Janeiro voando e nem precisaria de avião pra isso.

Hidra: acabamento bacana, traços precisos, cores certas. A linha branca na parte inferior dos olhos podia ter sido mais grossa, mas o resultado valeu.

Rita: o nível da maquiagem da Rita está à frente das outras (sem desmerecer nenhuma delas). Não escondeu as sobrancelhas, e arriscou um rosa e preto com cílios incríveis. Acabamento nota 10.

Musa: a finalização não está lá essas coisas (parece que há um cerrado de vegetação densa em meio a uma tempestade de areia entre os olhos e a sobrancelha fake), mas a concepção é ótima. Usou pedras abaixo dos olhos e cílios afiados como as unhas de Freddy Krueger. Mereceu a vitória.

Silvetty dá a notícia com "Olha lá! Estão nervosas?", e eu levo, não um balde de água fria, mas uma respingada de leve quando ela não continua com "Vão ficar mais" ou "Deviam ficar mesmo". Nota-se o roteiro em algumas partes atando a língua nervosa de Mama Silvetty. Cadê o "Levanta. Ah, já tá de pé?" pra Xantara, por exemplo? Entendo que estamos dando os primeiros passos em direção a algo com potencial de tornar-se muito maior e que, por ser o começo, há o medo de arriscar. Só por isso te perdoo, Sil. Só por isso. Mas quero te ver na segunda temporada perguntando aos jurados "Alguém cumia?".

Por outro lado, e nunca, mas NUNCA desdenhando o talento de Silvetty, os tira-gostos que ela nos entrega valem mais do que a peruca pela qual as queens estão competindo (ai, como sou maldito). "Ai, as jóias...", "Esses pedrÊÊro", e a melhor de todas, "É o que tem pra hoje" são risada garantida.

Por falar em pedreiro, dois cafuçus entram no workroom e nos são apresentados como motoboys. O desafio principal é transformá-los em drag queens. Divididas em dois grupos, as queens precisarão maquiá-los, ensiná-los a usar salto, e por fim dublar uma música. Daqui a pouco eu meto o pau na Larissa Gold — e não no bom sentido.


A aula da semana é de Maquiagem e Caracterização, ministrada por Eliseu Cabral, maquiador com mais de 25 anos de carreira e caracterizador de peças como Terça Insana, balets como a Cia de Dança e Teatro Municipal de São Paulo, e programas de TV como Glub Glub e Castelo Rá-Tim-Bum. Devagar quase parando, Eliseu dá dicas valiosas às queens, o que vai ajudá-las a compor as personagens de suas drag daughters.

Em uma aula extra (que pode ser assistida aqui), Eliseu orienta cada uma delas a alcançar os melhores resultados em seus respectivos estilos. Ele fala com propriedade, mas senti falta de vê-lo botando a mão na massa. Algumas das meninas dizem "Ah, entendi" ao mesmo tempo em que fazem cara de "Entendi porrãn nenhuma". Foi também nesse vídeo extra que entendi a proposta pessoal de Lavynia, de usar pouca maquiagem não por falta de experiência, mas por escolha. Respeito, mas continuo batendo na tecla de que, mesmo sem exagerar, é possível atingir um nível mais elevado.


Hora do desafio principal!

Silvetty usa um modelo lindíssimo aliado a uma peruca branca (por pior que possa parecer, combinou perfeitamente), dando a ela um ar de divindade grega, só que mais queimadinha. Queimada não: corpo dourado. GLUP!

O painel de jurados da semana é formado por Tchaka Drag, a Rainha das Festas (saiba mais sobre ela aqui), Eliseu Cabral, e nosso Santino verde-e-amarelo, Alexandre Herchcovitch.


Achei injusto com o grupo que pegou o morenão, Mércia Shantele, e não pelo fato de ser mais difícil travesti-lo, mas por ser extremamente natural a postura drag do outro, Larissa Gold. Onde aquele cara é cafuçu? Como disse o lindo do Diego Olivier (do grupo Academia de Drags - (Desencube) - Untucked), precisamos de uma CPI, produção. O boy/Larissa é mais drag que muitas das competidoras. Fiquei bobo de ver sua desenvoltura. Eu poderia ser acusado de estar desmerecendo o esforço do grupo responsável pela Larissa, mas não é o caso. Isso é Maricona! Minhas amigas conhece várias vezes elem, várias vezes. Ele já entra no workroom secando o Rick Callado, e quando nosso pit-crew tupiniquim sai de bunda de fora, ele quase quebra o pescoço pra olhar. Tá, eu sei que qualquer um (gay) olharia e desejaria aquela bunda, mas o outro motoboy/Mércia não espiou nem pelos cantos dos olhos.

Pausa para... Ai, Rick!


Voltando...

A produção de ambos é boa. Larissa vai por um lado Top Drag, enquanto Mércia vai por um... Como definir?... Sapatona chique? Quanto a dublagem, ambos são horríveis. Parecia Tatá Werneck falando alemão no comercial do Dubloxona Plus. Apesar dos pesares, parabéns aos dois pela coragem e por doarem-se ao programa em prol de uma boa causa. Mércia ganhou meu respeito, e Larissa ganhou pontos para o currículo que vai entregar lá na Blue Space.


Intimadas a apresentarem-se no palco principal com seu melhor vestido de gala, as queens vêm na seguinte ordem:

Gysella Popovick: O vestido é lindo, o detalhe no pescoço caiu bem, realçando o contorno de seu rosto, e a maquiagem estava leve e muito bonita. Dessa vez ela não pesou a mão na quebração das bochechas, e pela primeira vez não parece ter levado três tapas de cada lado da cara.

Xantara Thompson: Vestido bonito também, combinou com o cabelo e seu tom de pele — exceto pelo rosto. Em relação ao seu bronzeado, ficou muito branco. A maquiagem em si estava linda, mas minha dica seria sombrear mais entre o queixo e o pescoço e aplicar um contorno para não deixar o rosto tão quadrado — além de nivelar a cor da pele de todo o corpo para não parecer estar usando uma máscara.


Laurie Blue: Que evolução! Nem parece a mesma Laurie que dublou (se aquilo pode ser considerado uma dublagem) no episódio anterior. Falo sobre look, pois continua meio porta. No workroom Laurie parece ter "potencial pra, sei lá, chegar em algum lugar". Neste episódio ela aplicou esse algo a mais na montação, pois o vestido foge do convencional e arrasa. A make também, maravilhosa. Um detalhe que notei foi que, quando Laurie entrou, indo direto para o seu lugar, sem rodopios ou poses escândalo, como se estivesse na fila do pão, Silvetty falou "Levantem a cabeça". Se uma queen precisa ouvir isso, então há algo errado.

Yasmin Carraroh: Longo amarelo, cabelão afro, maquiagem levíssima. Senti que algo estava inacabado. Faltou alguma coisa. Embora sua entrada no primeiro episódio tenha mostrado uma maquiagem carregadíssima, farinha pura, gostei mais daquele tipo de drag para Yasmin. No palco principal do segundo parecia um menino de peruca.

Musa: Bicha, a senhora é destruidora mesmo, viu viado! Talvez eu esteja me deixando influenciar pelo meu amor a Musa, ao seu estilo, mas achei que tudo combinou. Ela podia ter deixado aquela coisa branca que estava em seu pescoço de fora, mas não foi nada que prejudicasse o resto do look. Cabelão fodástico!

Hidra Von Carter: Me lembrou aquelas cantoras de festa de cidade pequena norte-americana dos anos 60. Algo assim. O problema de Hidra, na época de gravação do programa, era sua técnica (ou falta dela) em relação a maquiagem. Nada para se gag over. Algo típico de primeira montação. Sei que não é o caso, pois Hidra já fez seu nome na noite, mas quando se está em um programa com tanta visibilidade, é preciso esforçar-se bem mais. Hoje em dia Hidra evoluiu de forma monstruosa, e acredito que pudesse ter se safado da Recuperação se estivesse, durante a Academia, em posse do talento que tem hoje. A foto abaixo não me deixa mentir.


Lavynia Storm: Lavynia assumiu usar as próprias sobrancelhas na hora da make, e ao mesmo tempo admitiu ter sobrancelhas falhadas. A bicha sabe de seus prós e contras, e conseguiu apresentar uma maquiagem linda, embora ainda falte um toque mais "pesado" para dar o look de mulher real que Lavynia almeja. O problema continua sendo os olhos. Na aula extra Eliseu disse que ela não tem olhos pequenos, mas na minha opinião não são grandes o bastante. Por isso, é preciso abusar um pouco mais do branco para abri-los, e esfumaçar mais por fora. Lavynia tem tudo para ter um look maravilhoso, mas, até o segundo episódio, está razoável.

Rita Von Hunty: Entra a boneca de luxo dos olhos tristes. É impossível não lembrar de mocinhas de filmes românticos de época, filhas de barões caminhando por entre os lírios do campo e sendo cortejada pelos filhos dos mais poderosos. Viajei um pouco, sorry. A maquiagem de Rita é leve, sutil, linda, a quebração é natural, e o look cai como uma luva para sua personagem. Me lembrou Ariel com pernas. Rita Von Rã... Rita Von Hunter... Ah, que seja! Ritinha estava linda como uma melodia tocada por um bardo enamorado.

Meus looks favoritos: Gysella, Laurie, Musa e Rita.


O grupo de Gysella Popovick, responsável por Larissa Gold, vence, e Gysella automaticamente ganha imunidade para a próxima semana. Como Xantara venceu o desafio anterior, também está salva. Musa, por ser líder do grupo perdedor, acaba sendo a primeira indicada à Recuperação =/


Cada uma das queens recebe suas críticas, mas a atenção vai para Rita tendo que explicar seu estilo. Particularmente não sinto que estilo seja algo para ser explicado. É o que te move, o que te dá um nome. Do mesmo jeito que Tchaka Drag conquistou tudo o que tem graças ao seu estilo, cada drag queen tem o direito de ser respeitada pelo seu conceito pessoal, e o direito de expressá-lo sem represálias. Drag significa DRessed as A Girl (Vestido como uma garota). Drag é uma forma de arte. Música é arte e tem suas mais diversas vertentes. Cinema, a mesma coisa. Pintura, temos o Expressionimso, Abstrato, Dadaísmo, Surrealismo. O que seria do Abaporu se todos devessem pintar apenas Monas Lisas? O que seria de Sharon Needles se Chad Michaels fosse o único jeito de fazer drag do modo correto? Academia de Drags está indo muito bem, obrigado, mas os jurados têm se mostrado inconsistentes em suas críticas. Herchcovitch domina tudo o que diz respeito a moda, mas quando disse que o fato de Rita querer parecer demais uma mulher era um problema... O forninho caiu! Nem Conchita Wurst é criticada pela barba que tem. É preciso, antes de julgar, dominar o assunto para o qual se aponta o dedo. Hoje entendo porque RuPaul não leva drag queens para julgar as participantes. Drag Queens são seres de egos enormes que acreditam que somente o seu próprio estilo é o estilo certo. Tchaka, você é rainha no que faz, tem um espírito incrível, mas dizer que uma drag não pode usar nude na boca JAMAIS? Raven te mandou um beijo — usando três quilos de nude. Academia está começando, assim como Drag Race também teve seu começo cheio de tropeços, e espero que as mentes permitam-se enxergar horizontes mais amplos com os diferentes tipos de drag que existem por aí. Nem toda drag queen quer ser Elke Maravilha louca de asteróides #ficaadica

Hidra e Musa, as irmãs Von Carter, acabam batalhando na Recuperação. Quem procura saber mais sobre as queens fora do reality sabe que as duas são parceiras em um grupo e inclusive moram no mesmo condomínio. Imagine o misto de sentimentos durante o lipsync. Talvez seja isso que tenha atrapalhado Hidra em entregar todo o seu potencial, em uma dublagem com altos e baixos. A dublagem em si, o movimento da boca, é preciso, mas os movimentos corporais não têm a explosão necessária para sobressair em relação à concorrente. Musa, pelo contrário, me hipnotizou, e mereceu ter ficado. Ainda tem muito a oferecer, e é minha aposta para o Top 3. Aquele leque foi destruidor.


Hidra nos deixa, e mesmo sendo a primeira eliminada, conseguiu deixar sua marca. Para alguns tornou-se uma maldita de ofensas gratuitas. Para outras, a malvada favorita. Tive o prazer de conhecê-la na vida real (virtual, por enquanto), e fiquei surpreso em descobrir que por trás daquela gongadora existe um menino fofo super-mais-que-demais. Conseguiu tirar a má impressão que havia deixado para mim no primeiro episódio. Pode ser que tenha tentado demais, parecido forçada em algumas partes, mas o fez do jeito certo. Hidra não fez o requisito, foi eliminada, mas não será esquecida ❤

E que venha o próximo episódio, que será focado em humor. Assim como o Snatch Game, poderemos agora separar as que têm talento... do resto.

I can't wait to see how this turns out.

sábado, 18 de outubro de 2014

Academia de Drags — Episódio 1

Na última segunda, 13/10, estreou Academia de Drags, reality em formato webserie comandado pela nossa rainha do feijão (PÁ!) Silvetty Montilla e exibido no Youtube, bem aqui.

Colecionando críticas variadas após a disponibilização de seu primeiro episódio, é impossível não rebater as negativas com: Por favor, gente! Vocês não queriam um nível de RPDR Season 6 em uma série independente nacional virtual, né? Tá, queriam. Eu também quero. Mas mesmo RuPaul começou com aquele palco sofrido com cortinas de celofane e drags de gosto bastante discutível (bjos Akashia e Rebecca), tudo exibido por uma câmera que parecia ter sido gozada e limpada rapidinho com uma flanela. Não vou usar aquele argumento de "Faz melhor!", mas vou apelar para o bom senso do público: deixem o veneno gratuito guardado embaixo da língua, e apoiem essa tentativa de dar maior visibilidade às drag queens brasileiras, de desmitificar a imagem errônea que ainda rola por aí, inclusive no meio gay.

Ou usando as palavras de nossa RuPaula brasileira:

É O QUE TEM PRA HOJE!


Na primeira vez que assisti ao episódio, entendi e concordei com a maior crítica negativa que rolava por aí: o áudio estava péssimo. Porém, no dia seguinte, reassisti e tive a impressão que o vídeo foi upado novamente, dessa vez com áudio melhorado. Ponto positivo, pois vemos aí que a equipe, apesar dos erros iniciais, ouviu o público e corrigiu sem demora.

Acho que já assisti o episódio mais de dez vezes. É simplesmente viciante! Podia ter mais 20 minutos de duração, focando no desenvolvimento dos looks e permitindo ao espectador conhecer os meninos por trás das drag personas, o que ajuda a escolher as favoritas. Duvido que os próximos episódios durem mais que o tempo padrão do primeiro, mas talvez estiquem a duração na próxima temporada. Oxe! Vocês duvidam que terá uma season 2? Eu não.


O episódio começa com a entrada das meninas no workroom. Gysella Popovick (Genival Alexandre, 23 anos) é a primeira, esbanjando luxo. Achei a maquiagem marcada demais; ela poderia ter dado uma suavizada nas bochechas (pareciam hematomas), mas o look (principalmente o corpete impedindo a entrada de oxigênio) foi acertado. Tem cara de vencedora, e achei que lembra um pouco de Roxxxy Andrews — com três X, assim como o tamanho de suas roupas. Tsá.

A segunda é Hidra Von Carter (Arthur, 23 anos), a aparente Akashia da edição — e não falo somente da língua venenosa. Sua entrada não foi nada para gag over. Eu gostaria de manter todas as análises o mais suave possível, afinal não tenho motivos para atacar nenhuma das queens. Mas Hidra merece, e já digo o motivo.

Em seguida vem a segunda Big Girl da edição, Laurie Blue (Natan, 22 anos). O colant azul e cabelão ficaram muito bem nela, e out of drag parece ser uma pessoa muito bacana.

A quarta é Lavynia Storm. Quando ela apareceu no vídeo dando uma entrevista e falando sobre sua carreira, achei a menina zuada. Pensei "Sofriiiiida...", mas então ela entrou e CARAMBA! A melhor montação da entrada. Fishy, fyna, ryca e nem precisou das duas pernas para isso. Acertou no look, acertou no cabelo. A maquiagem podia ser mais drag, porque ela não é fishy como Courtney Act para confiar apenas num gloss básico, mas a bicha tem potencial.

A quinta é Musa (Flávio Ramos, 18 anos). Confesso que não me senti confortável com seu estilo, e não sei explicar o motivo. Dançando a menina arrasa, mas seus dois primeiros looks (do vídeo e da entrada) não me convenceram. Calma, vinhado! Ainda vou falar do look apresentado no desafio principal.

A sexta é minha amiga de longa data (só que não) Rita Von Hunty (Guilherme Terreri, 22 anos), a pin-up do grupo. Fiquei surpreso ao vê-la na Academia, e de um jeito positivo. Conheci a Rita há algum tempo (virtualmente) através da maravilhosa Samantha Banks (que espero ver na próxima edição (Por favor, hein, Silvetty! Traz a moça do cabelo afro-descendente). O look da entrada de Rita eu já havia visto em uma foto, então não senti o frescor que ela deveria ter trazido. Mas Ritinha acertou na fala inicial, arrancando risos das meninas. Rita é a Milk da season, e não pelo estilo, mas por ser o mais bonito out of drag.

A sexta é Xantara Thompson (Breno Tavares, 25 anos). Só uma palavra: KenyaMichaels. Look certo, mas a maquiagem aumentou sua bochecha — infelizmente de um modo errado. Sorry 'bout it. Mas é bicha babado.

A sétima e última é Yasmin Carraroh (Paulo, 23 anos). Confusão, atraque e tiroteio. Adorei o estilo pessoal dela. É do tipo bicha-que-mia. Só nos cinco primeiros passos no workroom já soltou uns 27 nhai nhóóón. Adoro! A make 'tava marcada como duas facadas na cara, mas, segundo Gysella, ela melhorou muito. Quem sou eu pra dizer o contrário?


Na sequência vemos nossa hostess Sílvio Bernardo de Cast... GLUP! Silvetty Montilla em sua mansão no Morumbi impossibilitada de ir para a academia por conta de uns probleminhas com seu helicóptero. Uhum... Para apresentar a primeira mini-prova das meninas, o Pit Crew formado por um único integrante, Rick Callado (Que homem lindo é esse? Eu faria sem pensar duas vezes), traz um tablet onde vemos Miss Sil dizendo às meninas que o mini-desafio consiste em fazer uma selfie. Cada uma tem três tentativas — e umas não acertariam nem com 30. Deixa pra lá.

Não entendi o comentário da Hidra a respeito das poses que as colegas fazem. O desafio pede para que se faça selfies. A própria fez as suas, e foi a menos bem sucedida. Aí me vem a bunita no "confessionário" caçoar as queens por estarem fazendo as poses e tal — sendo que todas o fazem melhor que ela. Primeira tentativa de ser a Shannel/Raven/PhiPhi/Willam = FAIL. Não senti naturalidade em nenhum confessionário de Hidra. Parece estar sempre forçando um personagem. Eu sei que estamos diante de um reality e, apesar de serem pessoas ali, queremos, no fundo, amar e odiar personagens, mas para se fazer isso é preciso ser natural, e me desculpe, Hidra, mas nem com sete cabeças você o seria.

A vencedora é Musa, e sua foto é bem legal, condiz com sua personagem, arrasou. Laurie, Xantara, Yasmin e Gysella também conseguem fotos bonitas, mas como só uma pode vencer...

Apesar de em alguns momentos sentir que Silvetty está presa ao roteiro, o que a afasta da rainha do improviso que conhecemos, temos fagulhas em diversos momentos de seu humor, e todos os contras acabam tornando-se pequenos. Ela escolhendo a foto vencedora é um desses momentos. Aposto que o "GLUP! Ih, olha... Tá muito ruim, menina" foi para a foto da Hidrazinha querida <3

Vencer o desafio não dá nenhuma vantagem real a Musa. A única coisa que ela ganha é decidir a ordem de entrada no desfile final. Podia ter ganhado algo melhor, né? Tipo um Yakult, ou algo assim.


O desafio principal é o Drag Fashion Week, e pede para que as meninas montem um visual drag fashion, desfilem no palco principal (que parece a Blue Space), e tirem uma foto no final. Outra foto? Achei desnecessário.

Chega a hora da desmontação. Perucas dão lugar a cabelo real preso a duréx, cinturinhas finas exibem cintas MADE FOR THALIA (Como você entrou nisso, Rita? O.o), rostinhos de meninas dão vez a... rostinhos de meninas. Brincadeira. Algumas são bem masculinas. Só que nunca.

Lavynia é a mais efusiva. Adoro! Já começa a contar a história de uma cicatriz provocada pelos seus "cachorro", e isso e aquilo, e blá blá blá, e bicha-bicha-bicha, e mona-mona-mona, e bicha-mona. Kkkkkkkkkkk! Foi o único comentário maldito de Hidra que gostei, mas, diferente dela, curti o jeito de Lavynia (que ainda não sei o nome real e idade, e não tô afim de procurar agora).

Rita tem uma das transformações mais chocantes. Já havia assistido o documentário Perfil diversidade - Episódio 1: Guilherme e Rita (que pode ser visto aqui), mas é sempre curioso ver o quão dispostos certos artistas estão para superar a dor em prol da arte. Um detalhe que chama minha atenção, e que notei desde que desenhei Rita pela primeira vez, é o olhar triste de Guilherme. De todas as meninas, é o mais inteligente, mas tenho receio que essa tristeza velada possa comprometer sua desenvoltura ao longo do programa.


Alexandre Herchcovitch é o professor que ensinará um pouco sobre o que é moda. Acredito que Alexandre fará parte do júri fixo, mas espero MUITO que ele melhore, tanto sobre os ensinamentos quanto sobre as críticas. Odiamos Santino Rice exatamente por isso. Espero não odiarmos Alexandre também. O cara é um fofo, lindo e querido, mas se for pra julgar drag, que saiba o que está falando (se bem que concordei com a parte da mala).

E já chegamos à sequência final do episódio. Rápido, não? Nem senti. Silvetão entra usando um longo clara em neves, maquiagem e jóias FÍ-nissimas e (ainda presa ao roteiro em algumas partes) deliciando-nos com um pouco de suas pérolas CHAPA FROUXA e É O QUE TEM PRA HOJE. A propósito, esta última é um grito de Silvetty que pode ser traduzido como MEUCU, resignada e consciente da versão tupiniquim, e dá um tapa na cara dos haters. Ela sabe que não está num nível RPDR, mas usa o que tem da melhor forma.

Além de Herchcovitch, o júri é formado pela drag destruidora mesmo viu viado Márcia Pantera e pelo maquiador de Silvetty, Márcio Merighi.



Seguindo a ordem proposta por Musa, a primeira a entrar é Yasmin. Drag total! Lembra o estilo de drags de dez anos atrás. E isso é um elogio. Corpão, um macacão todo cravejado de pedras, cabelão. Não é forte o bastante para vencer, mas está longe das piores. SAFE.


A próxima é Rita. Olha a malaaaaaaaaaaa! (Quem não sabe o que é mala procura no Google, no próximo bloco a gente explica) Bicha, como você me entra no palco com um biquini e não faz o truque direito? Suas pernas e traseira são maravilhosas, mas nada evita que olhemos direto para onde não deveríamos estar olhando. Você tem maçãs na cabeça, uvas nas orelhas, abacaxis na roupas. Só deveria ter deixado a banana em casa. Como Márcia Pantera disse, faltou atitude.


Gysella vem quebrando tudo. Contradizendo a lenda de que verde é uma cor feia (vocês sabem do que estou falando), ela acerta em tudo: carão, cabelo, roupas, atitude, desfile — exceto os cílios. Estava pior que Gia Gunn. E por favor, suaviza essas bochechas, vinhada!


Hidra entra e... AIKISUSTO! Gente, não é perseguição, nem conheço a criatura, mas que montação pão com ovo foi aquela? A infeliz ainda tem o disparate de falar mal da roupa de Lavynia e de tudo que seus olhos veem. Tem espelho nesse workroom, não? Ela me lembra uma versão piorada de Milan. Apesar de tudo, apesar de Hidra ser Hidra, não concordei com a crítica de Alexandre. Como assim ela devia usar uma peruca com cor de cabelo que existe? No seu planeta não tem cabelo loiro, demonho? Oxe!


Musa entra e... UAU! Nem parece a mesma que entrou no programa, não parece nada com seu out of drag. É um dos looks que mais curti. Andrógina, mas ainda feminina. Bafo total! Essa sabe como montar um look babadeiro. Até a calça de Besourosuco ficou foda.

Xantara Thompson é a próxima. Raja? Não, né? Faltou uns três metros. A ideia e montação ficaram legais, mas senti aquele gostinho de "Já vi isso em algum lugar". "Ah, na terceira temporada de RPDR." Fui atrás do episódio onde Raja aparece de índia, e as roupas não são em nada parecidas. O cabelo é praticamente idêntico, mas o look não. Apesar disso, não achei tão chiquérrimo como Márcia Pantera frisou. Bom, para quem curtiu a roupa da Hidra... Vai bater cabelo que você ganha mais, Marcinha.


Lavynia vem em seguida com asas Victoria's Secret style. O cabelo vermelho contratsou com a roupa branca e verde, dando um quê de Hera Venenosa. Outro look baphônico. Achei engraçado quando a bicha quase caiu pra trás ao abrir as asas. Ela até suspirou de alívio depois, haha. Ah, Lavynia *_*

Como Márcio apontou, ela precisa mesmo carregar mais na maquiagem. Aliás, todas as queens têm MUITO ainda a aprender em questão de make up. Os acabamentos (falo de geral, e não só de uma) são amadores, elas parecem ter medo de gastar o delineador, o iluminador. O problema é que, enquanto umas economiza, outras não conhecem limites... Alguém traz Tiffany Bradshaw para ensinar um truque ou outro, por favor!

Laurie fecha o desfile, e decepciona. Tive vertigem por três dias ao ver o macacão da boneca. Que efeito era aquele? Nem o tecido suportou e acabou rasgando. O cabelo também não ajudou nada. A vaca me acerta na make (não está perfeita, mas, considerando as outras...) e erra em todo o resto. O desfile então! Se solta, bicha! Divirta-se. Entra na brincadeira. Quando Xantara entrou e você gritou "não-sei-o-quê NO SEU CU, VIADO!" eu pensei que você seria babado. Mas me aprontou essa. tsc tsc...

Resultado final:

Xantara é a vencedora da semana. É discutível. Não tiro o mérito da garota em apresentar algo único, mas vou fazer o quê? Mandar matar? No todo, a bicha é bem, e a bicha merece.


TOP 3 da semana na MINHA OPINIÃO:

Lavynia, Musa e Popovick


O Bottom 2 (Não sabe o que é B2? Vai embora daqui agora!) é formado por Laurie (previsível) e Rita (surpresa). Para se salvarem, as duas terão que dublar por suas vidas. Segundo Silvetty, seria uma apresentação de livre escolha. Como assim, se as duas dublaram a mesma música? O primeiro lipsync da Academia é Brand New Day, de Lorena Simpson. Li comentários na página oficial de Academia dizendo que as queens haviam assassinado Lorena depois da dublagem. Pesquisei no Google e a cantora continua viva ¬¬

Na primeira vez que assisti senti que faltou atitude de ambas, mas depois de rever trocentas vezes e captar seus movimentos, daria o SHANTAY a Rita. Ok, ela quase não abriu a boca para dublar. Parecia que estava à base de Lexotan, mas se jogou no chão, sensualizou, deu pernas, rebolado. Acho estranho até hoje nunca ter visto um vídeo de Rita dublando nas noites paulistanas, e agora entendo que a pegada dela não é essa. Sei que Rita é DJ, mas queria vê-la dublando mais.

Laurie decepciona mais uma vez. Gatãn, no seu vídeo de inscrição vi você toda rebolosa justamente com a música Brand New Day, batendo ombros pra sociedade, e no lipsync por sua vida você me dá aquelas balançadinhas sem vigor? A expressão dos jurados (não expressões, mas expressão conjunta: todos estavam com sono) é de uma animação que não dá para explicar. A cara da Silvetty então, é a melhor.

Começando com o primeiro SHANTAY DUPLO (depois de uma enrolação filha da..., mas engraçada e confortante para o estresse que ambas as candidatas deviam estar sentindo), Silvetty acerta. Não deu pra conhecer todas elas, e embora Laurie tenha sido bastante fraca, quero ver se no próximo episódio ela mostra algo digno. Ainda tenho esperança. Só agradeço por Rita ter ficado. O susto foi bom; agora elas acordam pra vida e tentam arrasar mais nos próximos desafios.

Ainda não dá para definir uma vencedora. O formato da Academia lembra Drag Race. É impossível evitar comparações. Não vejo AdD como uma versão pobre do sucesso norte-americano, mas como uma versão nacional. O cinema nacional também começou fraco. Quando poderíamos sonhar que o Brasil teria obras de suspense como Quando Eu Era Vivo, ou mesmo as incríveis minisséries produzidas aqui (Dupla Identidade, O Caçador, Sessão de Terapia, etc)? Academia de Drags é um passo pequeno, mas não tímido. Botar a cara na mídia e mostrar com orgulho que você ganha sua vida usando peruca e salto alto não é para qualquer um. Então antes de criticar, de meter o pau, entenda que nem sempre a verba condiz com o tamanho da vontade. E o amor com que Academia parece ter sido produzida é maior que qualquer orçamento de Hollywood. OLHA O FEIJÃO, PÁ!

Apreciem sem moderação.